Gigantes da Internet desconheciam operação de espionagem dos EUA

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A denúncia foi feita por um técnico de 29 anos que se refugiou em Hong Kong. Empresas como a Google, Facebook e Apple desconhecem que a NSA tinha acesso direto às comunicações feitas pelos utilizadores.

O escândalo de espionagem foi denunciado por Edward Snowden, um técnico de 29 anos que fugiu para Hong Kong no final do mês de maio. Snowden forneceu ao The Guardian um documento com mais de 40 slides que servia de manual para os agentes operacionais envolvidos.
Snowden trabalhou na NSA durante alguns anos, enquanto funcionário de várias empresas privadas contratadas pela agência. Terá sido enquanto trabalhador da Booz Allen Hamilton Holding Group que Snowden teve acesso a estas informações. Após a denúncia, as ações da Booz e de outras empresas do setor baixaram o seu valor, no início desta semana.
Esta polémica fez com que, nos EUA, fosse reacendida a polémica sobre a utilização de empresas privadas para auxílio de agências públicas. No pós 11 de setembro, as entidades governamentais dos EUA contratam diretamente empresas e conferem-lhes poderes que podem não estar a ser devidamente controlados. Segundo as últimas estatísticas, mais de 1,4 milhões de pessoas têm acesso a documentos classificados como top secret, das quais 800 mil são funcionários públicos e 480 mil são civis empregados por estas empresas privadas, noticia a Reuters.
Os EUA gastam mais de 300 mil milhões de dólares a contratar serviços a empresas que se consigam adaptar a novas regulamentações, leis e protocolos de análises.
O acender da polémica
Ao abrigo do programa Prism, a NSA teria acesso direto ao histórico de navegação dos utilizadores, conteúdos de emails, transferências de ficheiros e a live chats. Os slides mostraram que a recolha de dados é feita com a colaboração das empresas, mas Google e Apple, por exemplo, disseram desconhecer completamente o programa. Há registos de que a Microsoft, Yahoo, YouTube, PalTalk, Skype e AOL também estão abrangidos por esta missão coletiva de vigilância.
O acesso da NSA foi permitido por uma lei alterada durante a administração Bush e reforçada durante a presidência de Obama. De acordo com esta lei, a agência pode aceder a dados referentes a cidadãos dos EUA, clientes das empresas que morem noutros países ou pessoas que estejam a ser contactadas a partir de solo americano. As comunicações podem ser recolhidas sem ser necessário qualquer mandato judicial.
Daniel Ellsberg, analista militar que revelou segredos da Guerra do Vietname, considerou a denúncia como sendo a mais importante da história dos EUA. Vários políticos dos EUA pediram a extradição imediata de Snowden, enquanto outros criticam a política atual e questionam as práticas de vigilância.
Os defensores da privacidade, como a Electronic Frontier Foundation, pedem que se abram comissões de inquérito semelhantes às que se seguiram ao caso Watergate.  
Esperam-se mais desenvolvimentos, nomeadamente após a visita de Obama a Berlim, onde se deve encontrar com a chanceler Angela Merkel. As autoridades alemãs já afirmaram publicamente que consideram inaceitável que as forças de segurança dos EUA recolham e mantenham dados de cidadãos europeus.
«O governo atribuiu-se a si próprio poderes que não deve ter», afirma Snowden em entrevista ao The Guardian onde confirma ser a fonte de várias notícias avançadas a semana passada sobre este programa polémico de vigilância. Snowden explica ainda que a sua única motivação é «informar o público sobre o que está a ser feito em seu nome [do público] e contra ele».
Julian Assange já recomendou que Snowden procurasse asilo político na América Latina. 

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